"Onde reinam intenções honestas,
mal entendidos podem ser curados
com rapidez e eficácia."

23 de março de 2012

Castrar para não sofrer

Aqui estão quatro lindos gatinhos, Luky, pai dos dois bebês, eles e Amiga a comadre que está sempre auxiliando
 no cuidado com os pequenos.
Luky e Naná, os pais dos quatro pequenos que farão 
três meses dia quatro de abril. 
Luky é pai amoroso, causa inveja a muitos humanos. Poderia ficar no andar de cima da mansão, com todo o conforto que desfrutam, Belo, Lelo, Minina, Kita, Fiona, Mimoso e Katy Lu, mas prefere ficar na Hauskatzen com Naná, Amiga, Pretinha, Dinho, Manchinha e os filhotes. 
Dentre os quatro filhotes, dois preferem dormir sozinhos, 
um deles vê-se um pedacinho na foto abaixo 
o outro estava dormindo embaixo da capa do sofá, próximo ao chão. 
Lindas fotos, quem as vê deve pensar.
Então, por que o título "castrar para não sofrer"?
Simples, tendo Luky sido castrado logo que aqui chegou, não se teria mais quatro filhotes a serem doados.
Depois do "leite derramado" ocorreu castração em massa, faltam apenas Naná, Fiona e Katy Lu. A cirurgia de Naná está marcada para dez de abril, Katy Lu têm filhotes pequenos e Fiona está no andar de cima onde todos os gatos são castrados, e será castrada também nos próximos dias.
Onde está o sofrimento? Na separação de Luky e Naná dos seus quatro filhotes. Na separação de Katy Lu dos seus três filhotes e eu que acompanhei o crescimento dos pequenos, desde o nascimento até o momento da separação, certamente sentirei minha parcela de dor não sabendo se terão o mesmo conforto que lhes dou.
De nada adianta agora dizer mas "e se...", "a culpa foi...". A responsável pelos gatos sou eu e assumo meu sofrer, assim como Luky e as fêmeas assumirão a separação e seguirão em frente.
Fica o conselho para todos, mesmo aqueles que têm apenas um gatinho ou gatinha, castrem porque não sabemos o que nos reserva o amanhã, mesmo sendo apenas alegrias, muitas vezes essas também impedem-nos a convivência com muitos.

22 de março de 2012

Gato infeliz e conformado

Então era esse o barulho que escutei lá do andar de cima, onde os gatos estão confinados e fui trancado ontem à tarde.
As duas bruxas esculhambaram com o único lugar onde eu ainda conseguia sair, até aprendi escapar daqueles terríveis filhotes da Leona que ficam embaixo da janela, doidos pra comer um gatinho.
O que faço agora? Como arrancar essa coisa?
Impossível, além da tela, ganchos fechados, arame e pregos... que é isso? Exijo meus direitos de gato amarelo vadio e falante. 
Onde está o estatuto dos gatos adolescentes? Ah, não tem...
Preciso arranjar uma estratégia, preso não fico, isto é injustiça, tudo bem que a Beth já viu eu deitado no meio da rua, e daí, tava cansado, deito onde quero. Só porque quando estou ali na frente, deitado na calçada e alguém passa perto eu rosno como se fosse um pit bull e não saio do lugar,  a calçada é da mansão porque não posso tomar conta?
Nhan, nhan, vou lavar meu lindo pezinho,
 pegar a chave da casa, saio pela porta e vou embora.
Pois é... mas será que encontro outro lugar onde deixam ajudar fazer bolo, tomar suco de cajú, comer mel na colher,
dormir dentro do armário na cozinha,
Pensando bem, desta vez passa, mas se aquelas duas aprontarem outra, como já ouvi falar que elas vão pintar esta minha linda caminha, eu, eu, eu,... arranjo outro lugar pra dormir!

21 de março de 2012

Empregada Doméstica ter ou não

Numa rede social hoje, várias amigas virtuais teceram comentários sobre empregadas domésticas, ter ou não ter.

Somente aquela que alegrou-se com o retorno de sua funcionária depois de férias e eu, mantemos mensalistas.
Algumas consideram perda de privacidade, empregadas em casa, outras pregam a independência, é dito também que é "cargo em extinção", que nos EUA e na Europa cada um cuida de si e que empregada doméstica é resquício da mentalidade escravagista.
Pois continuo mantendo posição favorável a ter alguém para auxiliar na atividade de limpar o chão, passar roupas, lavar vidros e, quem consegue como eu, manter uma Super Ana há onze anos, que além das atividades nominadas acima, também faz pequenos consertos elétricos, hidráulicos e como hoje, colocar tela na janela da cozinha para o Nino não fugir, 
não  dispensa com muita facilidade.
Acredito não ser a função de empregada doméstica que está em extinção, vê-se hoje exercendo este trabalho, mulheres entre quarenta e sessenta anos. Aquelas que não podem mais encarar o serviço doméstico, atuam como cuidadoras de idosos. 
Passei mentalmente a rua onde moro desde sempre, em busca de empregadas domésticas com menos de quarenta anos, acreditem, encontrei só uma e que está próxima.
Então, morando em cidade de sessenta mil habitantes a situação do emprego doméstico é esta. 
Imagino que em grandes metrópoles há muito tempo não se encontre mais profissionais que se mantenham em empregos como no interior.
As jovens não querem e a maioria também não as quer dentro de casa e isso porque foi-se o tempo em que se conhecia a família, os vizinhos, os amigos de quem trabalha ao teu lado. A maioria das meninas entre 14 e 20 anos já carregam filhos ou na barriga, ou de arrasto pelas ruas, elas mães, mais despidas que vestidas, com as barrigas caindo para fora das calças, ou shorts mostrando tudo aquilo que no passado era velado e os decotes deixando ver aqueles seios cheios de estrias e flácidos por conta da precoce iniciação sexual, unhas enormes, cabelos caindo sobre o rosto. 
(desculpe mulher maravilha, mas não encontrei na net mulher como descrevi, teria que fotografar na rua...)
Realmente, assim não é possível entregar a chave da casa.
Voltando à Ana. Foi-me indicada por sua mãe que trabalhava como servente concursada, na Prefeitura onde eu era Secretária Municipal de Assuntos Jurídicos (cargo de confiança, sem estabilidade). Morava Ana com a mãe, duas irmãs, um irmão, o marido desempregado e um filho pequeno. Com o tempo passando, ele  conseguiu novo emprego (perdi o meu quando mudou o prefeito), iniciaram a construção de uma casa, infelizmente num bairro que hoje é dos mais violentos da cidade. Mas enfim, na família entre altos e baixos, nasceu mais um menino, hoje com sete anos, o mais velho terminou o segundo grau em 2011, passou nas provas do ENEM e hoje está trabalhando, com "carteira assinada" e só tem 17 anos.
 Grande orgulho para a família.
Ana é motorista habilitada, em sua casa não falta nada, hoje está comigo apenas aguardando a venda da "mansão". 
O emprego doméstico não está extinto nas cidades interioranas, está em extinção e é lamentável porque é trabalho digno, bem remunerado, com todos os direitos trabalhistas reconhecidos mas, as potenciais empregadas domésticas com idade para tanto, preferem ser "piriguetes" e lotar nosso amado Brasil com bolsistas, cotistas e outros "istas" que os políticos insistem em implantar para ser cada vez maior a massa de manobra.
Mas, o principal sobre Ana ainda não contei. Ela cuidou da minha mãe em seus últimos dias de vida, ia todos os dias à Casa Geriátrica, onde obriguei-me a internar a mãe, em razão da enfermidade que impediu-me de estar presente naquelas duas últimas semanas. 
Na partida, Ana segurou sua mão.
Então, ainda existem empregadas domésticas e, dependendo da minha vontade, na minha casa sempre haverá alguém, principalmente para passar roupas e limpar janelas, 
tarefas que detesto fazer, mas uma certeza tenho, 
igual a Ana, nunca mais. 

18 de março de 2012

A Mansão

Bela  mansão, quando recebeste o habite-se, eras assim. Linda, imponente, uma das, senão a mais linda da rua. Tuas linhas em estilo italiano nada têm a ver com o proprietário e sua família, mas foram fruto da imaginação do Engenheiro Camilo Bonésio,
 nascido na Itália. 
Os Genehr, que desde 1946 até hoje são teus proprietários deram-te o ar germânico com as flores que a Oma (vó) Lydia cultivava, as cortinas tricotadas, enfim o coração batendo dentro dos frios tijolos era germânico.
O tempo passou, muita coisa mudou, inclusive por alguns anos foste alugada para uma família chinesa. Onde era o consultório do Opa (avô) surgiu em Carazinho, no final dos anos 60 e início dos 70, 
a primeira loja de artigos que hoje pipocam 
nos camelódromos do país!
É, desde aquele tempo, a família chinesa comercializava tais produtos que deixavam as pessoas simples, da pequena Carazinho, fascinadas. Atualmente sabe-se de onde vêm tais produtos, embora Made in China, são contrabandeados do Paraguay.
Em novembro de 1975, vó Lilly, Luiz, eu e Aline viemos habitar tua parte superior. Ainda "lá em cima" Tiago nasceu em 1979. Em 1980, vó Lilly ficou com a parte de "cima" e nós, com a parte de baixo. 
Aqui, abrigados entre tuas paredes, meus filhos viveram a infância. A Aline parte da adolescência também, até mudar para a capital do Estado cursar medicina na na UFRGS, e o Tiago daqui saiu somente quando casou.
Agora, escrevendo, dou-me conta que foram muitos os anos por mim aqui vividos. Trinta e seis anos ininterruptos, mais os oito da infância, são quarenta e quatro anos.
Alguma coisa sobre tua existência já foi contada e mostrada aqui no blog, mas estamos chegando numa encruzilhada e mereces ter tua história preservada, os bons e os maus momentos procurarei nas próximas postagens escrever. Uma delas deixarei aqui hoje, de onde surgiu teu apelido "mansão". Um querido amigo, em 1996, numa campanha política, apelidou-a assim "mansão" e o apelido pegou. Sei que nunca qualquer morador pretendeu que fosses uma mansão no sentido literal, mas carinhosamente assim és chamada.