Saudades da minha mesa de trabalho, atualmente nua, da máquina de costura, agora fechada, dos panos, trancados no armário, dos moldes dobrados, das revistas guardadas.
O tempo para os "Panos" que já era pouco parece não existir mais.
Difícil tarefa que a vida reservou, tratar a mãe como criança desobediente, a paciência que pensei ter adquirido já não é a mesma.
Hoje, mais uma queda e algumas manchas roxas por fazer o proibido...
Tento manter o bom humor mas é muito difícil assistir a decadência do corpo e mente de quem nos deu a vida.
Seu rosto perdeu os traços alegres, restam apenas rugas de amargura, nada mais lhe interessa, e eu impotente, perdida sem saber como, ou, sem poder ajudar, intuindo apenas o que lhe pode agradar. Às vezes acerto, outras não.
Mas, entre todas as mazelas, nesse instante estou recebendo o carinho do Kity, ronronando deitado no meu colo enquanto escrevo, algo que há vários anos ele não fazia. Preciso cuidar com o movimento da mão direita pois ele colocou sua patona sobre ela e se colocar as garras aumentará minha coleção de cicatrizes.
Kity é o frajola o outro é o Mimi.
Beth querida, fiquei muito triste por ti, lendo esse post. Minha melhor amiga e sócia no escritório perdeu sua mãe há cerca de dois anos, com mais de noventa anos; nos últimos anos ela não reconhecia as pessoas, voltava ao passado, achava que as filhas eram sua mãe. Algo que ela falou, me lembrou teu atual sentimento: era como se a mãe não estivesse mais ali, a não ser fisicamente; era uma perda pela metade e muito doída. Quero te desejar muita força para viver essa fase tão difícil.
ResponderExcluirQuanto às cicatrizes das gateiras, costumo dizer que são nossas tatuagens; algumas são temporárias, mas outras são para sempre. Mas elas são um preço pequeno a pagar pelo que nos dão em carinho, apoio e consolo não é mesmo? Abraço bem grande
Ô Beth, entendo tanto, tanto... Minha maquininha de costura também está fechada, os minutos contados, a oração para redobrar a paciência sempre na ponta da língua, o medo das quedas me fazendo vigiar sempre, sabendo que nem assim a segurança é garantida. Apesar do alto astral da mãe, aqui também a intuição precisa funcionar 24 horas para buscar acertar as palavras e as pequenas decisões de cada dia e outras tão complicadas. E frente a tudo isso, continuo encantada com essa reserva de força e equilíbrio que desconhecemos até que dela dependemos, não é mesmo? Procura descansar nos intervalos, querida, pra recuperar a paciência e o ânimo. Sei que a gente acaba num roldão e quer aproveitar todo tempinho pra fazer isso e aquilo, mas o corpo e a mente não aguentam. Que o feriado aí seja tranquilo. Abraço bem grande!
ResponderExcluirPuxa, sinto tanto. Foi impossível segurar as lágrimas aqui.
ResponderExcluirSe eu pudesse te dizer algo que ajudasse, eu diria que você é uma filha abençoada e sua mãe, dentro de toda essa dor quase insuportável, ainda tem a sorte de tê-la como filha.
Um abraço muito forte e cheio de vobrações positivas. Força! Força, muita força querida.
Me emocionei com o que escreveu, e imagino o quanto deve estar difícil, pesado, a paciência se esvai mesmo. E seus panos, moldes, máquina de costura, que te desestressam, trabalhos maravilhosos. Querida, força, muita!!! Te adoro.
ResponderExcluirAmigas queridas, agradeço comovida seus comentários. Sei que é apenas uma fase, mas também sei o desfecho dessa fase, assim tudo torna-se mais difícil. Desculpem não responder individualmente mas vou aproveitar que a mãe está deitada, para descansar um pouquinho na caminha improvisada, mas sempre com a companhia de alguns amiguinhos de quatro patas.
ResponderExcluirBeijos, mais uma vez obrigada pelo carinho.
Beth querida, imagino o quão difícil seja essa fase de sua vida. Somente o DIVINO para ajudar. Ainda bem que você tem companheiros fiéis que ficam em seu colo te ajudando nesse momento.
ResponderExcluirBeijos, Néia
Beth querida, não é fácil mesmo, mas vai passar e vai ficar tudo bem, força amiga, e me avisa quando voltares para gente papear, agora, ao vivo, ehehe, bjos.
ResponderExcluir...é, Beth, faz parte da vida...(que sempre é uma caixinha de surpresas...ora agradáveis ora não tão agradáveis assim...)...de força em força, vamos superando, evoluindo...Você é uma fortaleza...a base ? - o amor, sempre o amor!!!beijinhos, Lígia
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